quinta-feira, 16 de agosto de 2018

mustard

onde a depressão fica?
aonde ela se esconde, e me ganha,
como uma chuva muito forte
represada entre galhos,
que num átimo pode romper a mínima partícula
e estourar seu caminho morro abaixo,
levando as cachoeiras,
lavando as vidas.

as vezes acho que fica atrás dos olhos, e quando desperto me anoitece uma manhã mesmo que branca. as vezes acho que fica entre as costelas, e come a própria fome com voracidade, como se houvesse uma direção a ir. as vezes, muitas vezes, mora nos pés, e com seu nome inércia prende-se com o peso de mil mãos ao chão que insiste em continuar ali.
no coração nunca está, pelo menos acho que não.
nele que fica essa resiliência. essa vontade menor que um gato. de insistir. de lavar bem os olhos. de passar creme nos pés. de saciar a fome.

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