um pássaro azul pousou no meu peito.
olhou nos meus olhos,
sentiu pena, sentiu raiva.
um pássaro azul pousou no meu peito,
e eu larguei meu corpo cansado
de um cansaço sem nome.
eu quis abaixar a cabeça,
eu quis olhar para o lado.
o pássaro azul azeitou seu corpo no meu,
e foi peso ser sua nova morada.
o pássaro não me deixava esquecer da sua presença,
e cada vez que eu respirava ele para fora de mim,
ele se ajeitava soberano,
em cima do meu peito.
vão fazer duas semanas que sou do pássaro
a nova morada.
sinto na minha pele a marca funda
de onde meu corpo se encontra com o seu.
sinto o seu cheiro antigo,
que não consigo lavar no banho.
olho para ele e pergunto:
- quando você vai embora passarinho azul?
e no silêncio dócil, porém firme,
sinto que ele só partirá
quando eu deixar a minha mão sem jeito cair no seu corpinho,
e sentir cada pena azul,
do pássaro que pousou no meu peito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário